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Terapia de Integração Sensorial




Texto por:

Marina Marcondes Braga – Terapeuta ocupacional / CREFITO 8 -16774 TO / USC Certificate number #964

Simoni Pires da Fonseca – Terapeuta ocupacional / CREFITO 8 - 15176 TO

EVIDÊNCIAS DAS INDICAÇÕES DO TRATAMENTO

A integração sensorial é definida como a habilidade do cérebro em processar e organizar as informações que recebem dos sentidos (tátil, vestibular, propriocepção, audição, visual, gustativo e olfativo) e preparar uma resposta adequada ao estímulo recebido. Quando a integração sensorial acontece de maneira harmônica, o aprendizado ocorre sem grandes esforços.

Quando há desordem no processamento das informações sensoriais recebidas do meio ocorre a Disfunção de Integração Sensorial/ Transtorno do Processamento Sensorial. Estudos recentes apontam que 69% a 95% das crianças diagnosticadas com o Transtorno do Espectro Autista apresentam Disfunção do Processamento Sensorial, que interfere diretamente no desempenho das atividades de vida diária, padrões de comportamentos repetitivos e restritos, atividades escolares, brincar, comunicação e linguagem, lazer e interação/participação social e familiar.

Estudos recentes comprovam a eficácia do tratamento utilizando a Terapia de Integração Sensorial de Ayres junto a clientes com o Transtorno do Espectro Autista.


DIAGNÓSTICO – SUSTENTAÇÕES DE BASES UTILIZADAS QUE JUSTIFICAM ENCAMINHAMENTO AO TEA

Diagnóstico de Disfunção de Integração Sensorial prevê o tratamento dentro das premissas da Terapia de Integração Sensorial de Ayres. Alta prevalência de associação de diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista com diagnóstico terapêutico-ocupacional de Disfunção de Integração Sensorial/Transtorno do Processamento Sensorial.


PROFISSIONAIS HABILITADOS – CRITÉRIOS QUE ESTABELECEM HABILITAÇÃO NO TEA

De acordo com o COFFITO (Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional), a Resolução 483/2017 reconhece a Terapia de Integração Sensorial de Ayres como recurso terapêutico da Terapia Ocupacional. Esta resolução esclarece quanto à atuação da profissão na área. A Terapia de Integração Sensorial de Ayres é indicada nos casos que é identificada a Disfunção do Processamento Sensorial, sendo que o único profissional habilitado para fazer a avaliação é o Terapeuta Ocupacional com a devida formação necessária. Atualmente, no Brasil a formação completa é exclusiva aos terapeutas ocupacionais.

Para fazer uso da abordagem da Terapia de Integração Sensorial de Ayres, o terapeuta ocupacional deve ser formado em instituição competente para tal. A formação de maior grau envolve certificados emitidos pelos Programas de Certificação Internacional de Integração Sensorial, pela USC – University of Southern California Department of Occupational Science e pela CLASI – Collaborative for Leadership in Ayres Sensory Integration.

Conforme a Associação Brasileira de Integração Sensorial (ABIS), para atuar com a abordagem de Integração Sensorial é necessário ter uma especialização na teoria, metodologia de avaliação e recursos de tratamento, além da formação continuada através de cursos, supervisões e/ou grupos de estudo, com formação mínima de 50 horas sobre a teoria e prática

A formação adequada do profissional permite a correta manipulação dos equipamentos, de forma a prevenir acidentes, assegurando a segurança física da criança no espaço terapêutico. Além disso, o profissional, ao ser devidamente capacitado, permite a oferta organizada dos estímulos sensoriais de acordo com o perfil sensorial da criança, o que exige do terapeuta raciocínio clínico, graduando a intensidade, frequência e duração dos estímulos oferecidos, ofertando desafios na medida certa, de forma que, se os mesmos forem oferecidos de forma incorreta, prejudica a capacidade neuronal da criança em reorganizar-se e progredir em direção à modulação do processamento sensorial, o que irá interferir no desempenho ocupacional nos diferentes contextos da sua vida.


ACOMPANHAMENTO

O terapeuta ocupacional devidamente qualificado deve basear-se em avaliações padronizadas e delineadas para fornecer intervenção direcionada a crianças e adolescentes de acordo com a Medida de Fidelidade© de Intervenção de Integração Sensorial Ayres. O processo de tratamento consiste na avaliação, através de anamnese realizada com os pais e aplicação de testes como SIPT, SPM, Observações Estruturadas, Perfil Sensorial, PEDI, Medida Canadense do Desempenho Ocupacional- COPM, e observações clínicas do comportamento e de habilidades do cliente. Em seguida, desenvolve-se um plano de tratamento, junto com os pais  para traçar os objetivos de acordo com as demandas apresentadas pela família. O tratamento prevê a melhora na organização, estado de alerta, atenção e envolvimento na atividade proposta, o que permite desenvolver habilidades e possibilita o aprendizado, com melhora no desempenho nas atividades realizadas como: permanecem mais tempo nas atividades, aumento da atenção, da exploração e de repertório no brincar, melhora no controle postural, ocular e oral, equilíbrio, coordenação motora global, viso-motora, integração bilateral e bimanual, motricidade fina, antecipação de movimentos, assim como habilidades de ideação, planejamento motor e execução que requerem organização e definem a práxis, resultando em maior participação nas atividades de vida diária, escolares e sociais. 

        Para que a criança se envolva na terapia e participe de forma ativa, prevê-se como peça central da abordagem, a motivação intrínseca da criança, portanto as habilidades da criança são estimuladas em contexto lúdico e prazeroso, de forma que o terapeuta estabelece uma aliança terapêutica com a criança para alcançar os objetivos propostos.

      A interrupção do programa de reabilitação resulta em consequências graves para o desenvolvimento global da criança, com instalação de comportamentos evidenciados na avaliação inicial e atrasos no progresso, reduzindo a chance de alcançar o máximo potencial de desenvolvimento funcional do cliente.


ESTRUTURA NECESSÁRIA PARA ATENDIMENTO

A fidelidade aos preceitos básicos da Terapia de Integração Sensorial de Ayres assegura a intervenção adequada, e esta deve seguir a Medida de Fidelidade da Intervenção de Integração Sensorial de Ayres. A ausência de lealdade aos elementos estruturais e processuais produzem equívocos na prática clínica.

O espaço e equipamentos necessários para a condução desta abordagem são pontos centrais para a sua aplicação, sendo impossível aplicar-se de tal abordagem se não houver condições concretas para tal. O ambiente terapêutico deve ser composto por sala ampla, dispositivos de equipamentos suspensos, balanços, redes, skate, rampas, câmaras de ar, lycra, cordas, almofadas e brinquedos diversos compõe o ambiente terapêutico. Os equipamentos devem ser ajustados ao tamanho da criança.


REFERÊNCIAS

Bibliografia:

Baranek et al. Sensory Experiences Questionnaire: discriminating sensory features in Young children with autismo, developmental delas, and typical development. Journal of Child Psychology and Psychiatry, 47(6), 591-601. 2006.

Leekam et al. Describing the sensory abnormalities of children and adults with autismo. Journal of autismo and developmental disorders, 37(5), 894-910. 2007.

Mailloux Z , 05/2013 Curitiba, Brasil Apostila de Treinamento da Medida de Fidelidade© da intervenção da Integração Sensorial de Ayres ®.

Parham et al., Development of a Fidelity Measure for Research on the Effectiveness of the Ayres Sensory Integration Intervention AJOT March- april 2011, 65 (2):  133-42.

Parham ET.al., Fidelity in Sensory Integration Intervention Research AJOT March- april 2007, 61:216-27.

Tomcheck et al. Sensory processing in  children with and without autismo: a comparative study using the short sensory profile. American jornal of occupational therapy, 61(2), 190-200. 2007

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